Você vai deixar o rock morrer?

“Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem…”

“Como nossos pais”, composta por Antônio Carlos Belchior (1946-2017) em 1976, é uma das músicas brasileiras mais rock’n’roll de que se tem notícia e foi ainda mais interpretada pela, não menos rock’n’roll, a estrela Elis Regina (1945-1982).

Uns anos depois, atingiríamos o auge da ditadura e da hiperinflação, originando uma geração niilista e hedonista, como bem observou Ricardo Alexandre em seu livro Dias de luta: o rock e o Brasil dos anos 80 (2002).

Foto: Hannah Gibbs/Pexels

Nos anos 1980, o jovem contestador ouvia rock, e o mercado de música da época sabia muito bem disso. Não foi à toa que o estilo teve seu auge no Brasil nessa época com bandas como Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, Lobão, Ultraje a Rigor. Bem, passadas três décadas, alguns desses artistas nos surpreenderam, continuaram contestadores, mas num outro sentido…

O rock – aquele que mais rendeu outros estilos na história da música – sempre esteve ligado à rebeldia, à contestação, embora, pasmem, existam roqueiros conservadores – muitos deles filhos dos anos 1980 aqui no Brasil, faz sentido. Elvis Presley, Neil Young, Dave Mustaine, James Hetfield, Johnny Ramone, Lobão e Roger Moreira são alguns exemplos. Geralmente, os fãs desses ídolos provavelmente não vão se sentir confortáveis ouvindo um rock alternativo hoje em dia.

Jazz era coisa de preto, blues era coisa de preto, samba era coisa de vagabundo e preto, bossa nova era coisa de contestador (ué!), rock era coisa de drogado, funk era coisa de favela, hip hop era coisa da periferia. Opa! Viram o rock por aí? Acho que me adiantei um pouco no tempo, deixa eu voltar um pouco… ah, sim, o rock. Intolerância, esse é o ponto. Uma pessoa que não está de preto e de camiseta de banda pode ser um roqueiro, vejam só.

Foto: Nichole Sebastian/Pexels

Todos os estilos citados foram insultados e outros o serão, todos foram contestadores, ainda bem, é pra isso que serve a arte!

Rock, hoje em dia, é coisa de velho, os maiores ídolos estão na faixa dos 70 anos, é o caso dos icônicos músicos das bandas Led Zeppelin, The Rolling Stones, Black Sabbath, Deep Purple. Infelizmente, eles se aproximam da morte, mas o legado deles permanecerá por gerações e isso depende de você. Tem muito rock por aí, de outro jeito, com outros estilos, transformado, assim como você deve se permitir ser.

Intolerantes são cidadãos que sucumbiram, que talvez tenham perdido o brio, que têm medo de sair de suas prisões confortáveis, que pararam de contestar, não seja um deles.

 


Patricia Fawkes é cantora, compositora de indie rock, rock, blues, pop, alternativo e de outras contestações e  não deixará o rock morrer! Clique AQUI para conhecer o seu trabalho.

 

FIQUE EM CONTATO!

Preencha os campos do formulário de contato abaixo para receber semanalmente todas as novidades da Associação Cultural Rock!