Reflexões de pandemia

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Por Tatá Mesa

Pois é… Chegamos a julho com o setor de eventos e artístico totalmente parado e sem nenhuma perspectiva de retorno às atividades. E você, amigo leitor, há de convir comigo que é uma época excelente para repensar a profissão de MÚSICO!

Tudo bem… Concordo… Estamos falando de arte, de romper paradigmas, de cultura, de transgressão, mas, espera um pouco… Pense um pouco… Precisamos viver e “ganhar o pão nosso de cada dia!”

Música é trabalho, música é profissão, música é estudo contínuo e, finalmente, música merece respeito!

Quantos cachês você deixou “pendurados” antes da pandemia? Quantos cachês você conseguiu receber durante a pandemia? Quantos cachês você acha que receberá depois da pandemia?

Esses questionamentos parecem bem “bobinhos”, mas refletem a nossa realidade. Tenho conversado com muitos artistas; grandes músicos (conhecidos) que se apresentam em casas renomadas na grande São Paulo e as respostas são unânimes: TODOS ESTÃO COM CACHÊS PENDURADOS E SEM NENHUMA PERSPECTIVA DE RECEBIMENTO! Em alguns casos, eles até já ouviram dos contratantes:  “VÁ PROCURAR SEUS DIREITOS!!!”

Consequentemente, estes músicos estão com problemas financeiros bem sérios e sem perspectivas! Aí começa o efeito cascata; eles acabam apelando e começam a vender seus instrumentos e equipamentos a preços baixos ou fazem rifa! É JUSTO?

E então, meu amigo, se me permite, vou repetir o começo deste texto… Chegamos a julho com o setor de eventos e artístico totalmente parado e sem nenhuma perspectiva de retorno às atividades. E você, amigo leitor, há de convir comigo que é uma época excelente para repensar a profissão de MÚSICO!

Acho que chegou a hora da união! Ou de repensar posicionamentos ou evitá-los! O mercado da música vai mudar, e muito! (escreverei algumas matérias sobre essas mudanças e novos paradigmas mais para a frente) Mas acho que posso sugerir reflexões sobre algumas posturas e pérolas que já ouvi por aí:

“Não pago cachê, pois aqui você vai tocar e ganhar divulgação do seu trabalho” – RESPOSTA: Se é para fazer sua divulgação trabalhe suas mídias sociais.

 “No começo você vem tocar de graça para ver se eu aprovo!” – RESPOSTA: Ninguém entra num Pub para comer e beber de graça para dizer se aprova ou não. Ou seja, ninguém trabalha de graça. Quer conhecer o trabalho? Acesse nas mídias sociais, contrate e pague!

“Pago R$ 100,00!” – RESPOSTA: Só você tem o direito de determinar o preço/valor do seu trabalho. Se você acha que vale, aí é um problema seu.

“Pago cachê de R$ 100,00 por músico mais 3 cervejas cada um!” – RESPOSTA: Novamente, só você tem o direito de determinar o preço/valor do seu trabalho. Outra questão são as condições de trabalho! Dependendo das horas que você ficar no estabelecimento você tem o direito de incluir no cachê o jantar, água e café à vontade e, por fim, bebida alcoólica na desmontagem do equipamento. Agora, se você acha que vale R$ 100 mais cerveja, aí é um problema seu.

“Pago cachê de R$ 100,00 por músico, mais 3 cervejas cada um, mas você(s) tem que trazer todo o equipamento de som pois eu não tenho nada aqui!” – RESPOSTA: Risco total!!! Além de cachê e alimentação tem que ser negociado aluguel de equipamento! Uma casa que quer ter som ao vivo tem que, no mínimo, oferecer pedestais, microfones, mesa de som, potencia caixas, retorno de palco e iluminação! Caso não ofereça nada disso, você pode somar o valor do seu equipamento e cobrar 5 ou 10% deste valor como aluguel.

“Pago 75% do couvert artístico e você(s) tem que garantir um público mínimo!” – RESPOSTA: Meu Deus! Essa é uma pérola! Vamos resumir essa assim: se você tem que organizar uma festa e não um show/apresentação experimenta falar para o contratante que, já que o público é seu, você quer comissão de 10% de tudo que seu público consumir! Ai você vai sentir o tamanho da “treta”.

“Pago em cheque (…) pago na semana que vem (…) pago no próxima apresentação (…) deposito na sua conta (…) – RESPOSTA: Então… este é o motivo principal deste artigo… veio a pandemia e ficamos sem cachê! Minha dica é: combine com antecedência o pagamento em dinheiro e no dia da apresentação. Ah! Também tenha em mão uma maquininha do tipo do “Pague Fácil”! Se o contratante não tiver o valor combinado é melhor passar no débito ou crédito do que sair de mão abanando! Aí você não recebe mesmo!

Como já falei, este texto é só para propor uma reflexão! Acho que se nos unirmos como categoria e se começarmos a agir de maneira mais uniforme e profissional, o mercado, como um todo, vai começar a melhorar para todos nós após a pandemia! Vamos aguardar e ver o que vem por ai!!!


Tatá Mesa é produtor de jingles e trilhas sonoras; luthier, músico multi-instrumentista autodidata, cantor, intérprete, compositor e professor universitário nas áreas de propaganda, marketing e eventos.

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