Iacanga no Almoço com o Cria

Foto O barato de Iacanga

Por Paulo Sá

Neste domingo, dia 9, às 15 horas, estará no ar mais uma live Almoço com o Cria, apresentado por Ana Trettel, do Cria do Rock, que entrevistará o videoprodutor Chico Lobo.

O entrevistado contará a experiência de ter participado do Segundo Festival de Iacanga, registrando com sua câmera cenas dos bastidores e do público presente no festival.

O Festival de Iacanga é um marco tanto no rock quanto na música brasileira em geral.

No início dos anos 1970, ocorreram diversos shows de rock ao ar livre e eu estive presente em quase todos. Os Mutantes, Joelho de Porco, O Terço, O Peso, Made in Brazil, Terreno Baldio, Vímana, entre outras bandas, se apresentavam em palcos magicamente construídos nos parques da Aclimação e do Ibirapuera.

Chico Lobo
Chico Lobo. Foto: Acervo Pessoal.

Foram eventos inesquecíveis para os que estiveram lá e para os amantes do rock da época. 

Na verdade, lembrando-me desses shows hoje, não sei como foi possível a sua realização, pois tudo isso aconteceu em pleno regime militar, momento em que a repressão e a vigília eram uma constante.

A cidade e o país, até então, não pensavam na viabilidade de um evento artístico/musical gratuito, com som ininterrupto ao ar livre, consumo aberto de drogas, com um número considerável de público, tudo em paz, sem confusão nem brigas.

Esses festivais foram frequentes na cidade de São Paulo durante os cinco primeiros anos da década de 1970, até que, em 1975, com o Festival de Iacanga, as autoridades do regime militar passaram a se preocupar com o sucesso e o “perigo” que tais eventos representavam.

 

Festival de Iacanga: o que foi?

O Festival de Iacanga foi uma série de shows, ao ar livre, montado na Fazenda Santa Virgínia, em Iacanga, interior da capital paulista, em janeiro de 1975. O idealizador dessa façanha foi Antonio Checchin Junior, conhecido por Leivinha, filho do proprietário da fazenda.

Inspirado no festival  de Woodstock, Iacanga procurou trazer todo o ambiente libertário da contracultura.

1º Festival (1975)

O primeiro festival, conhecido também por Festival de Águas Claras, foi montado a duras penas, devido à dificuldade de as autoridades liberarem o evento.

Por fim, obtida a autorização, o espaço da fazenda foi destinado ao rock e ao espírito hippie setentista.

Estima-se que entre 15 e 30 mil pessoas estiveram presentes. O valor do ingresso foi de 30 cruzeiros, correspondente a 76 reais hoje. Para o público, estavam disponíveis 50 sanitários, uma barraca de assistência médica e duas ambulâncias.

Algumas bandas que tocaram no primeiro festival: Som Nosso de Cada dia; Terreno Baldio; Apokalypsis; Moto Perpétuo; Jazzco; Rock da Mortalha; O Terço.

2º Festival (1981)

O segundo festival foi o de maior sucesso. Teve cobertura da TV e ingressos vendidos nas agências do extinto Unibanco. Contou com a participação de artistas de peso como: Raul Seixas; Hermeto Pascoal; Egberto Gismonti; Gilberto Gil; Alceu Valença, além de outros nomes do rock nacional.

3º Festival (1983)

O terceiro festival foi mais abrangente do que os anteriores e contou com um público de 70 mil pessoas. Rock, música erudita e samba foram apresentados. Destaque para: Armandinho, Dodô e Osmar; Arthur Moreira Lima; Fagner; Premeditando o Breque; Sandra de Sá; Paulinho da Viola; Sá e Guarabyra; Erasmo Carlos; e João Gilberto, que foi o ápice desta edição, subindo ao palco às 6 da manhã.

4º Festival (1984)

A quarta e última edição do festival foi de menor porte e ocorreu durante o Carnaval. Infelizmente, esta edição conheceu o fracasso e infortúnios, desde a chuva torrencial até os problemas de aparelhagem. 

 

Almoço com o Cria 

O Almoço com o Cria é um programa on-line, em formato de live,  que acontece todos os domingos, às 15 horas.

Com produção e criação de Ana Trettel, do Cria do Rockmovimento sociocultural que divulga e incentiva artistas e bandas de rock autoral —, o evento é um bate-papo descontraído sempre com um personagem de destaque do cenário do rock.

O barato de Iacanga/Netflix

O convidado de amanhã é o videoprodutor Chico Lobo, que falará sobre sua colaboração no documentário O barato de Iacanga, disponível no streaming Netflix.

Sua história tem início em 1975, quando, ao tomar conhecimento da realização de um festival de rock na cidade de Iacanga, viaja imediatamente para assisti-lo.

O primeiro Festival de Iacanga marcou-lhe tanto, que, em 1981, parte com sua máquina de filmar a tiracolo para documentar a segunda edição do festival.

Com o objetivo de gravar os bastidores e o público do festival, Chico consegue captar imagens que se tornariam o único registro dessa edição do Festival de Iacanga.

Décadas após ter realizado essas gravações, o diretor Thiago Mattar, que tinha o sonho de transformar a história de Iacanga em filme, vai procurá-lo com o intuito de aproveitar as cenas filmadas em 1975 na produção do filme.

O sonho de realizar um documentário  sobre o Festival de Iacanga finalmente foi concretizado. Em 28 de novembro de 2019 foi lançado nacionalmente e está disponível na Netflix.

Certamente, será muito interessante ouvi-lo contar suas historias vividas naqueles dias desse festival tão importante para o rock e para a música brasileira. 

Não percam! Domingo, dia 9, no Almoço com a Cria, às 15 horas.

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