Já conhece a #NovaEradoRock?

Por Patricia Fawkes

Entrevistei Bruno Costa, fundador do app Bandnest. Se você ainda não conhece o app, recomendo fortemente que o faça em www.bandnest.com, possui planos gratuito e pagos, disponível para Android.

 

Patricia Fawkes: Bruno, como você acha que está a situação do rock no Brasil hoje e o que nós temos que fazer para o rock voltar a fazer parte da cena musical do país?

Bruno Costa, fundador da Bandnest

Bruno Costa: Eu sinto que o rock está voltando, que as pessoas estão se mobilizando. Tem muito mais oferta de bandas hoje e elas também estão com a cabeça mais aberta, querendo fazer trocas. O que falta muito no rock é a profissionalização. Músico profissional acha que o bom músico é o que faz música boa, só isso. Isso no lado do artista, no lado do público, tá faltando interesse. Os fãs de rock passaram uma geração já, estamos geralmente na faixa entre 30 e 50 anos, essa geração não está mais interessada em conhecer música nova.

Há uma curva de distribuição: os empolgados, a grande massa e os retardatários. Está faltando crescer “os empolgados” para “empurrar” para a grande massa. Precisamos fazer uma lavagem cerebral , que é o que os outros estilos fazem e sempre fizeram. Nunca alcançaremos um Led Zeppelin, por exemplo, e não é por questão de qualidade ou feeling e, sim, por memória afetiva. A música que o jovem ouve hoje é o que o emociona hoje, assim como as futuras gerações falarão que as músicas de hoje serão melhores que as músicas futuras. Então precisa desse marketing mais agressivo. 

Nós somos da mesma geração. O rock aconteceu na época da ditadura militar, ajudou a fortalecer o movimento, depois, nos anos 90, foi época da MTV, somos órfãos da MTV. Esse público conversava com os jovens. As bandas que fazem rock hoje miram no público de 30 anos, não concordo, deveriam mirar nos adolescentes, os que ouvem rap, por exemplo. Pra esse público, o rock não está exposto, o rap, sim. É importante que isso seja feito de maneira não forçada. Eu penso numa presença no Tik Tok, no Twitch, no Youtube, fazer parceria com um streamer. Pode ser seu sobrinho, peça a ele colocar sua música de fundo enquanto ele joga. Em relação ao alcance nas periferias, acho que isso é um trabalho governamental e de ONGs.

 

Patricia Fawkes: Quais bandas de rock que as pessoas ouvem hoje em dia?

Bruno Costa: Falam que o rock não é estilo pra brasileiro. Nós temos o maior festival de Rock do mundo, o Rock In Rio, mesmo com Anitta, é um festival que é anfitrião dos outros estilos. Todas as bandas de rock querem tocar no Rock In Rio, é lucrativo. Quem ouve bandas novas de rock, ouve mais as gringas: Cage the Elefant, Imagine Dragons, The Killers. Temos bandas tão boas quanto essas, mas, com o complexo de vira-lata desse público, acabam ficando desconhecidas. Fazem sucesso primeiro lá fora para depois fazerem aqui. E tem o pessoal do underground que também tem uma visão limitada, do tipo, gostava mais quando a banda passava fome(!), assim que a banda virava mainstream. Daí você tem dois problemas: o rock mainstream, que não quer ouvir o underground e o underground que não quer virar mainstream. Temos o pessoal do grunge, hard rock e metal, que são mais unidos entre si e temos o pessoal do folk, indie, que acabam circulando mais com o pessoal da MPB, onde são mais aceitos.

 

Patricia Fawkes: De onde você pega as referências de marketing digital voltado pra música? 

Bruno Costa: Da experiência das próprias bandas que faço assessoria, do Clemente Magalhães, do Vinícius Soares, Dino Teixeira, Cézar Santos, Fióti e, lá de fora, Jayson Evans, Carl Hitchborn, Damian keyes, Hyeser.

 

Patricia Fawkes: Qual estilo de música que você ouve hoje que jamais pensou que ouviria antes?

Bruno Costa: Nossa, difícil…trap. Dentro do rock, eu sou metal. Não sou mais true como era antes. percebo que, quanto mais extremo, mais fechado é o cara. O cara que ouve indie rock, ouve rock, o que escuta grunge, é de grunge pra mais pesado, o cara que ouve metal extremo, só ouve metal extremo. Antes eu não gostava de metal extremo, hoje consigo apreciar.

 

Patricia Fawkes: Onde você quer chegar com o Bandnest ? 

Bruno Costa: Recriar o rock no mundo. Tem um documentário: The seven ages of rock, que conta sobre todos os estágios do rock, eu quero fazer o oitavo! Todos esses estilos acabaram se eternizando porque sempre tiveram uma fase nova, se tivesse parado na época do Chuck Berry, não existiriam mais. O rock precisa voltar, mas transformado.

 

Patricia Fawkes: Tem alguma coisa que eu não perguntei que você gostaria que eu tivesse perguntado?

Bruno Costa: Eu gostei de você ter fechado com esse tema. Há muito país que tem muita coisa boa e vive o mesmo dilema que o nosso, como o  Irã, Israel, países da África e Ásia. Estou iniciando o processo no Brasil, se isso se tornar forte, eu vou começar a querer fazer pontes com outros países.

 

Patricia Fawkes: Muito obrigada pela entrevista e boa sorte pra gente!

Bruno Costa: Eu agradeço.

 


Patricia Fawkes  é cantora e compositora de indie rock.

FIQUE EM CONTATO!

Preencha os campos do formulário de contato abaixo para receber semanalmente todas as novidades da Associação Cultural Rock!