RÁDIO TÁXI: HÁ QUATRO DÉCADAS PISANDO FUNDO NO ACELERADOR

O Rádio Táxi entra 2022 pisando mais fundo no acelerador. Em quatro décadas de estrada, os caras ouviram “Conversa Fiada” aos montes e comeram muito “Sanduíche de Coração”. Encontrar mulheres foi uma constante ao longo dessa trajetória, entre elas a “Ana”, “Eva” e até a “Garota Dourada”.

O novo sucesso da banda também reverência uma mulher. É a “Sarah”. Outra música que fala “Dentro do Coração”, e naquele “Vai e Vem”, discute as “Coisas de Casal”. Com esta nova canção o Rádio Táxi faz um “Convite ao Prazer”, realmente “Sem Explicação” ou “Nenhuma Censura”. Certeza que vão atingir uma “Nova Geração”. Afinal o grupo é formado por “Intocáveis” e vão “Longe”.

O abre deste texto, para quem não entendeu, é um mosaico literário com várias canções do Rádio Táxi, uma das bandas paulistanas mais legais surgidas na década de 80. Se partimos da premissa discográfica, os caras completam 40 anos de carreira agora em 2022. Embora o hit “Garota Dourada”, tema do longa-metragem “Menino do Rio”, já rolasse nas rádios desde o ano anterior, consideramos o marco zero do grupo com a chegada do primeiro álbum em 1982. Integrada por ex-membros do Tutti Frutti, banda que acompanhava Rita Lee e também o Secos & Molhados, o Rádio Táxi trazia na formação original Willie De Oliveira (vocal), o genial guitarrista Wander Taffo (1954-2008), Gel Fernandes (bateria) e Lee Marcucci (baixo). Da formação original só permanecem Gel Fernandes e Lee Marcucci, sendo completada por Miltinho Romero (guitarra), Flávio Fernandes (teclados) e Betto Luck (vocal). Beto Luck assumiu o microfone do grupo no final de 2021, substituindo Fábio Nestares, que foi pro Roupa Nova, com a morte do vocalista Paulinho. “Sarah”, composição de Ovelha, rola nas rádios de todo Brasil e plataformas digitais desde 25 de janeiro, um presente para São Paulo e para os fãs da banda que há anos ansiavam uma música inédita. Confere embaixo uma entrevista bem legal com Gel Fernandes, na qual o batera fala dessas quatro décadas, música nova e muita coisa mais.

Combate Rock– Gel, por favor, faz aí uma avaliação desses quarenta anos de Rádio Táxi.
Gel Fernandes – Grande Nelson, ao longo desses 40 anos, tivemos muitas alegria e também muito trabalho. Rodamos este país de Norte a Sul. Tocamos em grandes eventos, e em outros menores. Éramos presença constante nos programas de televisão, e capas de revista. Não temos do que reclamar desses 40 anos de estrada.

CR- Ao longo dessas quatro décadas muita coisa mudou no planeta, na música, e claro, no rock e música em geral. Como se manter em evidência, renovar, manter o público e renová-lo?
GF- Creio que o que mudou foi o cenário financeiro, toda mídia hoje, seja ela TV ou Rádio, sobrevive dos escritórios que investem em seus artistas, e, infelizmente, só escritórios relacionados com música sertaneja, funk Brasil e suas vertentes conseguem se sustentar devido às fontes que não cabe a mim falar a respeito. O Rock em si nunca acabou, porém sobrevive nas estradas através de shows presenciais.

CR– Como avalia o cenário rock atual no Brasil e no mundo?
GF– Bandas novas excepcionais foram aparecendo durante muitos anos, mas como respondi na pergunta anterior não têm espaço na grande mídia, mas graças à internet conseguem aparecer e mostrar seus trabalhos.

CR– Vocês tiveram algumas mudanças na formação ao longo dos anos, mas você e o Lee Marcucci se mantém juntos desde o início da banda. Como é a relação de vocês nesse tempo todo, se bem que já tocavam juntos antes do RT.
GF- Nós nunca tivemos nenhum receio em trocar alguns integrantes da banda quando foi necessário. No nosso terceiro disco já tínhamos um novo integrante que era o vocalista. Daí para a frente qualquer troca não nos assustou. Quanto ao Lee nossa amizade remonta há mais de 40 anos, lógico que nesse tempo todo houve algumas poucas brigas, mas nada que não desse para contornar. Somos amigos e parceiros independente do Rádio Táxi.

CR– Beto Luck, novo vocalista, substituiu o Fábio Nestares que foi pro Roupa Nova (que infelizmente perdeu o Paulinho pra Covid-19). Como tá sendo a recepção dos fãs para o Beto?
GF– O Betto Luck é um músico experiente que já trabalhou com muitos artistas consagrados com discos autorais gravados, isso facilitou bastante pra banda, e foi bem aceito pelo público.

CR- “Sarah” é a nova música do RT, primeira inédita em muitos anos. Qual foi última canção composta por vocês antes de “Sarah”? Como essa nova música foi composta? Todos trabalharam nos arranjos? E vêm mais inéditas por aí?
GF– “Sarah” foi uma canção escolhida para esse novo momento pela sua simplicidade e, ao mesmo tempo, pela riqueza, acreditamos muito nessa canção, antes dela a última canção composta e um grande sucesso foi “VOCÊ SE ESCONDE” (1986), que fez parte da trilha sonora de “Roda de Fogo”, novela da TV Globo. “Sarah” é de autoria de um compositor que não faz parte do Rádio Táxi, todos trabalhamos no arranjo. Temos músicas inéditas, sim, em breve estarão disponíveis em todas as plataformas digitais.

CR- O Rádio Táxi, ao contrário de muitos contemporâneos oitentistas, não tem uma discografia tão extensa. Você já respondeu isso várias vezes. Mas diz aí.
GF– Nós músicos tínhamos mais disposição para a estrada, fomos muito cobrados pelas gravadoras, mas não tínhamos muito tempo para compor e gravar, pois, os sucessos eram muitos e muitos shows eram agendados por conta disso, principalmente com o sucesso “EVA”.

CR– A estreia do Beto Luck nos vocais foi num show no final de 2021 no Teatro Fernando Torres (Tatuapé). Como será daqui pra frente em termos de shows. A turnê com o Placa Luminosa ainda tem condições de rolar?
GF- Temos muitos shows marcados. Na realidade estão sendo remarcados por conta da situação com a pandemia, temos turnê confirmada com o Roupa Nova, Zé Ramalho além dos nossos próprios shows, temos também um projeto com a cantora Patrícia Marks chamado encontro de gerações. Em relação ao Placa Luminosa já havíamos começado antes da pandemia, entretanto foi cancelado por conta do falecimento do líder da banda, o guitarrista/vocalista José Ribamar do Nascimento, o Ribah, em virtude da Covid-19 em outubro de 2021.


Nelson de Souza Lima é jornalista.

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